sexta-feira, outubro 22, 2010

Você batia a porta, não tocava a campainha,
eu abria e ficavamos nos olhando. Era estranho
mais estranho ainda era o que eu fazia depois
te despia.
Nós passamos séculos (na realidade, dias) vivendo algo impossível de ser descrito
estou ficando maluca?

quinta-feira, agosto 19, 2010

O homem.

Cheiro de perfume forte, hálito fresco, barba roçando no pescoço, roupas no chão.
Cheiro de suor no corpo, arranhões no dorso, aperto nos braços e nas pernas e nos seios.
Cheiro inconfundível,Barba roçando no corpo todo, cabelo preso entre os dedos, olhos revirados, bocas entreabertas, sussurros indecentes, os gemidos que precedem o gozo e por fim o ofegar.
O roçar dos dedos pelo corpo nu, o carinho, os beijos de afeto, os abraços apertados, as juras de amor eterno, o falar baixinho ao pé do ouvido lembranças de outrora, planos para o futuro e bobagens sem nenhuma importância.
Cheiro de sabonete, o barulho de água caindo, as brincadeiras íntimas, as risadas de uma alegria que parece nunca ter fim. Espuma nos corpos, a nova excitação, a troca de salivas molhadas agora de água e sabão.
Mas o que vem depois disso é o que importa.
O bater inevitavel da porta. O 'até um dia'. O choro solitário.
E o adeus inadiável.

Something's Missing

RESOLVI VOLTAR A PUBLICAR TEXTOS FICCIONAIS NO BLOG.

Acordei cedo.
Tão cedo que o galo nem havia cantado (sempre cantava).
Debrucei na janela, acendi o cigarro matinal e esperei. Esperei o sol se levantar completamente e contemplei a vista da Floresta da Tijuca… Respirei aquele ar puro,e logo traguei um de uma vez só todo meu veneno e enfim fui preparar um café, afinal, logo todos estariam de pé.
Meu marido não tardou a aparecer, me beijou com ternura, como fazia todas as manhãs e, abotoando sua camisa, comentou que estava atrasado demais, deveria partir. Perguntei, por hábito, se não iria tomar café, sabia que ele não tomaria, sempre tinha mais o que resolver no escritório. Não tomou. Fui acordar Lucas e prepará-lo ao colégio. Enquanto lutava com a cama, cismava em resmungar o quanto odiava aquele lugar, não queria ir. Quantas mentiras, ele adorava aquilo lá, quanta preguiça, quanta manha.Esperei, paciente, tudo o que tinha que esperar.


Quando terminou de espernear o menino foi, ainda que de má vontade, vestir o uniforme e eu acendi mais um cigarro. Me olhei no espelho e vi algumas rugas aparecendo na minha pele… aquilo me preocupou, não me reconheci por um tempo, não saberia dizer quem era aquela mulher pálida e cansada me olhando no espelho enquanto soltava fumaças no ar, coisa de mulher vulgar e infeliz.
Lucas se arrumou sem a minha ajuda e percebi que estava ficando independente, logo, já não precisaria da minha presença...
Levei-o ao lugar onde a condução da escola vinha buscá-lo sempre. Ele já estava muito grande, não queria me beijar na frente dos amigos, e eu, dessa vez, não me importei com a indiferença.

No fundo, gostava de ficar só em casa que era meu reino, o único lugar no mundo em que minha ausência seria sentida, talvez, um dia. Era meu castelo. Eu era uma rainha em algum lugar do mundo, como toda mulher sonha em ser um dia e ficar sozinha me era um triunfo que pude conquistar. Tomei um banho, sequei meus cabelos com cuidado, hoje eu resolvi que não ia cozinhar, era dia de me cuidar. Hoje, afinal, era 19 de Julho, e era um dia a ser comemorado.
Me maquiei como há muito não o fazia. Lábios vermelhos sempre foram os meus preferidos. Um vestido um pouco decotado talvez não me caísse mal. Coloquei meu melhor par de sapatos, que eu guardava apenas para ocasiões especiais como essa…
Escolhi minhas jóias, as mais belas, herança de avós. Peguei o carro,e hoje em dia é acostumado apenas a ir ao supermercado, quase não soube se guiar por outras ruas. Dirigi, sem pressa, em direção um lugar antigo e nosso.


Levei uma toalha para não sujar meu vestido e me deitei, fechei os olhos e sonhei. Sonhei com meus quinze anos de volta, as aventuras vividas, os sonhos, as músicas ao pé do ouvido, sonhei com a sua casa e com a sua presença…
Não darei detalhes dos meus sonhos, pois a intimidade de um sonho não se compara sequer a intimidade de uma relação sexual. O sonho é o inconsciente se mostrando e o nosso inconsciente só nos mostra o que jamais teríamos coragem de admitir a nós mesmos e aos outros. Nem sei quanto tempo passei por lá, apenas sei que levantei apressada! Quase perdi a hora, havia muito a ser feito em um pequeno dia.

Rua Camaragibe número 2, sua casa naquela época. Parei meu carro e vi como o prédio havia mudado, me choquei com a Igreja Universal que construíram debaixo do que costumava ser sua casa, como você se sentiria ao ver aquilo? E me entristeci por notar que o tempo passara tão depressa e não deixara nada para mim, nem migalhas, nem mesmo um prédio intacto. Eu fui até lá para ver com meus próprios olhos o lugar onde vivi os melhores dos dias mas não pude suportar lidar com algo tão mudado. Há lembranças que merecem um lugar e um tempo reservado somente à elas. Era hora de enfrentar o último encontro. O derradeiro encontro. Olhei no relógio para garantir que daria tempo de buscar meu filho em seu judô.

Dirigi vagarosa e temerosamente, meu coração pulsando a cada segundo. Sabia que poderia ser catastrófico mas em um dia tão especial, no aniversário de 45 anos de saudades, eu precisava rever-lhe… Desde os 20 anos e quebrados nós não temos notícias um do outro, mas eu sempre cumpro o mesmo ritual no dia 19 de Julho mas desta vez irei ainda mais fundo… espero que não tenha mudado de emprego, e do fundo do coração, espero que não tenha mudado.
Entrei no prédio. Sempre achei esse lugar chique demais para mim, por isso me visto especialmente bem quando venho, mas nunca falei com ninguém por aqui. Gosto de vir para olhar e imaginar como sua vida é por aqui.. Olhei em volta, incerta… me aproximei do balcão e murmurei:
“O doutor Fernandes por favor... eu tenho hora marcada”.
A secretária nem me olhou.
“Doutor Fernandes não se encontra no momento”

“Mas, minha senhora, eu tenho hora marcada…” Minha voz mal saía de tão fraca.

“Já deverá estar de volta, só foi buscar um lanche. Pode aguardar aqui mesmo”

Me apontou uma poltrona sem olhar e eu, hesitante, nela sentei. Esperei por minutos que pareciam horas até que um homem, grisalho, barba por fazer rente ao rosto, estatura média e nariz adunco surgiu na sala e marchou direto ao encontro da secretária, que murmurou algo a ele, que logo me lançou um olhar. A esta altura eu já estava andando em direção à porta.

Tudo que eu queria era vê-lo, já havia conquistado meu objetivo, já poderia ir embora, eu precisava ir embora, eu queria ir embora...

“Ana” Uma voz grave e firme, sem hesitar nenhum segundo, me chamou. O nome que eu havia dado há secretária era Lourdes. Ele me reconhecera.

Em passos firmes ele andou em minha direção. Fiquei feliz ou triste. Não há como lhe dizer o que senti, mas posso dizer que eu senti tudo o que pude, com todo meu corpo.

Nos olhamos pelo que me pareceu muitas horas, e eu guardei aqueles olhos no meu coração para toda a eternidade. Eu sorri. Ele sorriu. Disse-me que era bom ver-me depois de tantos anos, papo cordial e amigo e eu lhe disse “Feliz aniversário de namoro”. Ele me deu um abraço apertado, sincero e me sorriu emocionado e esse abraço eu guardei na minha caixa de abraços de amor onde somente os braços dele cabem.

Eu fui embora deixando para trás nada além do homem com quem eu passaria a minha vida inteira junto. Eu levei comigo mais lembranças, mais sonhos e mais saudades. Fui embora me deixando por lá.

Olhei no relógio e me apressei para entrar no carro: eu ainda tinha que buscar o Lucas no judô.

terça-feira, junho 15, 2010

Strangers With Candy

Olá!
Muitos me perguntam o que diabos estou fazendo nesta cidade, alguns suspeitam que fugi da polícia, outros creêm que abandonei tudo para tentar a vida na América... Mas não é isso, estive aqui fazendo dois cursos bem interessantes. O primeiro foi de Short Stories. Foi bom por que me deu mais base para escrever contos, mas como no momento estou com preguiça não prolongarei o assunto... afinal a questão é o curso que fiz no Second City de improviso teatral.


É uma companhia de teatro que iniciou seu trabalho em Chicago há 50 anos atrás e se especializou em esquetes de comédia e improvisação e é considerado o Império da Comédia norte americana! A comprovação disto é que o diretor do famoso show de comédia Saturday Night Live, tão popular entre comediantes do mundo inteiro e show de grande importância na cultura americana, é o mesmo homem que escreve os shows do Second City.
A proposta desta companhia é ensinar comédia, então há um centro de treinamento em Chicago, Toronto e Hollywood, com diversos tipos de aulas: Improviso (diversos tipos de aulas incluindo para TV), Escrita de Comédia, Teatro, Tecnicas vocais, Como escrever improviso e tantas outras coisas... Clique aqui para ler sobre os cursos.
Há tipos diferentes de apresentação também: o Second City dispõe de dois palcos, chamados "Main Stage"e "E.t.c."
No Main Stage se apresentam os grupos profissionais, aqueles que já estão no ramo a mais tempo.
No E.t.c. são os grupos de pessoas que acabaram de concluir os cursos e estão começando a se apresentar sériamente, mas são os melhores dos melhores alunos que são selecionados, ou seja, também é maravilhoso.

A maior parte dos grandes comediantes que vemos nos filmes hoje em dia, nos programas de humor, são fruto dos cursos que o Second City disponibilizou e/ou já fizeram parte de seu elenco:
Joan Rivers, Bill Murray,Mike Myers (O SHREK! *-*), Steve Carrel, Tina Fey e vários outros nomes como por exemplo atores que fizeram filmes como A Feiticeira, Sociedade dos Poetas Mortos e é claro, 99,9% do elenco de SNL.

Toda essa introdução foi para mostrar a seriedade do meu trabalho por aqui, afinal, eu hoje em dia posso dizer que também já fui aluna no Second City e digo mais, pretendo ainda estudar muito por aqui.
O curso que eu fiz foi de improviso para jovens e foi maravilhoso, por que não só aprendi muito sobre técnicas de comédia, mas técnicas de teatro e técnicas para a vida.
Eu me encontrei na comédia. Confesso que receava fazer esse curso e me inscrevi em cima da hora mas foi a melhor decisão que eu tomei. Eu sempre amei teatro mas sentia dificuldade em papéis que exigissem de mim mais seriedade, só que morria de medo de fazer comédia, por que para ser comediante tem que ser muito mas MUITO bom, não dá para fazer qualquer porcaria.
Eu entrei nesse curso com a intenção de saber como seria fazer comédia e hoje em dia posso garantir que me senti cem por cento confortável toda vez que fazia alguém rir de algo que eu dizia ou fazia. É uma sensação maravilhosa conseguir pensar em algo que seja ao mesmo tempo inteligente, crítico mas engraçado.
Amei improvisar!
Acho que devo isso ao Gofman e a Jó, pessoas com quem eu sempre passei a vida improvisando histórias, piadas, músicas... devo ao Henrique também (do STJ) que inventava letras de músicas comigo.

Enfim, acontece que eu e algumas amigas que fiz no curso decidimos nos inscrever, assim, sem mais nem menos, num Festival de performances aqui... Na cara e na coragem criamos nosso nome: "Strangers with Candy" e fomos lá, nos inscrevemos e ficamos na espera de sermos chamadas. E fomos.
Estaríamos representando o Second City e se fizéssemos feio pegaria mal para nós e para eles.

Tensões à parte, posso dizer que estou orgulhosa do nosso trabalho.
Meninas entre 15 e 18 anos, com pouca experiência em comédia e que se submeteram a um Festival merecem um desconto vai! rs
Nós também fomos burras, não sabíamos que podíamos chamar um professor do Second City para nos orientar, fizemos todos os jogos por nós mesmas, então acabou que uma das nossas grandes falhas foi que nossa apresentação não tinha direção, mas foi super divertida.
Apresentamos 4 jogos.

- Entrevista de família:
Uma de nós apresenta a família e improvisa na hora o que fazemos que nos torna especiais e a platéia faz perguntas em cima disso.

Avaliação: Não foi bom. Estávamos nervosas, atropelamos umas às outras, eu fui muito mal, mas tudo bem, foi bom para quebrar o gelo!

- Poetas:
Uma de nós apresenta os poetas e pede que a platéia escolha o nome de cada um e depois pede que improvisemos um poema sobre um tema aleatório também escolhido pela platéia.
Foi médio. Algumas pessoas fizeram muito bem, outras, mal.
Ouvi elogios sobre a minha "poesia" dizendo que foi engraçado o modo como eu falei que sou de outro país, sem dizer coisas com coisas que é bem como alguns poetas que se acham super bons fazem, e sobre a poesia da Lauren que foi bem crítica à essa coisa das poesias de gueto meio raps, tosconas!

- Especialistas:
Duas de nós apresentam o resto de nós como especialistas e pede para que alguém da platéia escolha em que.
Uma de nós é especialista em uma celebridade (no caso, fui eu, sobre a Megan Fox!), uma de nós em um lugar, uma de nós tem uma obsessão com algo aleatório e outra com um hobbie.
Foi MUITO bom.

- Por fim, improviso cantando (sugerido por mim!)
Maggie pegou o violão dela e pedimos para a platéia um tema qualquer, e então cada uma de nós improvisou um verso para a música.
Foi engraçadíssimo e foi o jogo mais elogiado! :)
Improvisamos sobre a Miley Cyrus (pedido da platéia!) o que foi bem engraçado!
Claro que me senti o máximo por ter escolhido esse jogo visto que eu avisei: "Gatas, entrevista de família e o de poesia nããão vai ficar legal!"

Elogiaram tantooo a música improvisada que a gente foi para a porta do Subway - o restaurante de sanduiches, de brincadeira e começamos a improvisar músicas por lá.
Passou um casal, com um bebê e a avó do bebê e improvisamos música pro bebê, mesmo esquema, cada uma com um verso...a avó gostou tanto que nos deu 3 dólares. E então improvisamos uma música para a avó, que ficou hilária! Ela adorou, doou mais dinheiro haha! (Isso não é ilegal aqui! Não se preocupem)
Várias pessoas se aglomeraram a nossa volta e pediram várias coisas. Improvisamos sobre muitos temas e conseguimos uns 20 dólares em menos de meia hora. Foi uma experiência e tanto.

Vou postar o vídeo à partir do jogo dos especialistas por que é o que ficou mais engraçado.
Fomos consideradas o segundo melhor grupo de improviso da noite (sendo o primeiro um grupo EXCELENTE, eu assisti dos bastidores, e eles são muito bons mesmo, então nem me senti mal!) numa noite onde outros 3 além de nós e do outro se apresentaram. Nem tá mal para um grupo de meninas que nem da mesma turma eram e que decidiram que fariam tudo por conta delas né? :) HAHA
De verdade, estou orgulhosa de ter conseguido fazer um bom trabalho, afinal é muito dificil encontrar um grupo em sintonia que saiba trabalhar junto com profissionalismo e que possua muito talento.
SEI DO QUE FALO.
No meu grupo de teatro do ano passado eram algumas pessoas talentosas e outras desinteressadas, e esse grupo foi todo muito dedicado.

Inclusive fomos chamadas para fazer um teste para integrar um outro curso, só que agora profissionalizante, no verão, do Second City, mas infelizmente não estarei aqui. Espero que as meninas tenham passado no teste! :)
Tudo bem para mim, pois tem testes sempre e o Ryan, um professor do SC que assistiu nossa apresentação gostou tanto que pegou nossos e-mails e nos manterá em contato sobre possíveis trabalhos e mesmo que eu não esteja aqui, desejo que as meninas continuem. Volto pro Brasil, mas continuarei trabalhando com improviso e vindo para cá periódicamente tomar lições nesse curso maravilhoso!

Clique AQUI para a parte um
Clique AQUI pra ver o video da parte dois, a melhor!

Letra da música inspirada na Miley Cyrus que improvisamos na hora:

Heather: Miley! Oh, Miley!
I love you
I write about you on my diary every night
And we sing songs together in my dreams
That's allright

Caroline: Miley!
As soon as I saw you
I knew that I would love you
Then I've watched Hanna Montana
And then
I've changed my mind

Maggie: Miley, Miley, Miley
What are you thinking when you sing
"I can't be tamed"?
Now Miley
Miley Cyrus
Why do you sing so many songs about Nick Jonas?

B: Mileeey
I'm so dissapointed, girl
I can't even think about your new video
Miley, please
Stop wearing those short short short short shorts!

Lindsay: Miley
I've got you in my mind
You're always in my heart
No matter what they say
Oh Miley
I like your short short short short short short shorts
I like you
And I think you're really hot

Lauren: Miley
Oh Girl
Take a class

Everyone: Miley, Miley
Ooooh
Oh Miley please
Stop wearing this shorts (what were you thinking?)
Oooooh


Ok, bem tosca né?
Mas é isso!
Strangers With Candy
Foi muito bom, espero continuar improvisando músicas e ganhar dinheiro fazendo só isso foi mara!


Essas meninas são demais! Lindsay, Lauren, Heather, Caroline e Maggie... não entendem português, mas sabem que as adooro!
:*


Beatriz Silveira, Lindsay Lucido, Heather Zurowski, Lauren Walker, Caroline Ullman, Maggie McLaughlin

domingo, junho 06, 2010

Irônias.

Sabe, eu não queria falar desse assunto publicamente mas tem certas coisas que são impossíveis de serem mantidas caladas em nossos corações.
Quando uma pessoa diz que não quer mais falar com você por que você é grosso, tem um temperamento dificil de lidar e cria constrangimentos por causa deste temperamento, diz que não quer ser tratada mal, você pensa: "Bem, esta pessoa quer amizades com as quais se sinta segura, se sinta mais amada".
Não costuma passar pela cabeça que essa pessoa iria procurar a amizade de gente que já à difamou, que já à mal tratou, que já debochou dela, e infinitas outras coisas...né?

:(

Fala aí, coêrencia, onde você tem andado?
O pior é que é tão decepcionante que nem tristeza provoca.

sexta-feira, maio 28, 2010

Julia

"Hoje em dia, só tenho boas recordações. E fico feliz que a nossa juventude não tenha tido tempo de destruir o nosso amor.
Foi bom enquanto durou. Mesmo. Acabou, e isso não me entristece. Gosto de boas recordações."

Por Julia Guerra

terça-feira, maio 25, 2010

Jane Austen me faz uma pessoa melhor.

Um dia, na Blockbuster, ha cerca de quatro anos atras, aluguei um filme que tinha um titulo bonito e os atores eram de meu agrado, logo lembrei que aquele era um nome de um livro que ficava na estante da minha casa ao lado da varanda...Aluguei. O nome era "Razao e Sensibilidade"
Me debulhei em lagrimas, por que achei um doce de filme, mas tambem impressionou-me a profundidade dos personagens com destaque nas irmas Marianne e Elinor Dashwood.
Li o livro em dois dias e me identifiquei muito com esse dilema entre o excesso de demonstracoes de sentimentos e a completa ausencia de expressao.
Nem vou prolongar, na realidade, este vem a ser apenas um dos focos do livro. Somente lendo.
Claro que eu tenho todos os livros de Jane Austen e claro que eu releio passagens frequentemente para me lembrar de como me sinto bem ao ler ou para me inspirar...
Enfim, esses trechos tem valor sentimental para mim, talvez alguns fazem sentido apenas lendo os livros...
Estou no lap top, por isso a falta de acentos.





Persuasion
:

"Já não consigo escutar em silêncio. Tenho de lhe falar pelos meios ao meu alcance. Anne transpassa-me a alma. Sinto-me entre a agonia e a esperança. Não me diga que é demasiado tarde, que sentimentos tão preciosos morreram para sempre. Declaro-me novamente a si com um coração que é ainda mais seu do que quando o despedaçou há oito anos e meio.

Não diga que o homem esquece mais depressa que a mulher, que o amor dele morre mais cedo. Eu não amei ninguém, se não a ti. Posso ter sido injusto, posso ter sido fraco e rancoroso, mas nunca inconstante. Vim a Bath unicamente por sua causa. Os meus pensamentos e planos são todos para si. Não reparou nisso? Não percebeu dos meus desejos? Se eu tivesse conseguido ler os seus sentimentos, como creio que deve ter decifrado os meus, não teria esperado estes dez dias. Mal consigo escrever.

A todo o momento estou a ouvir uma coisa que me emociona. Anne baixa a voz, mas eu consigo ouvir os tons dessa voz, mesmo quando os outros não conseguem. Criatura demasiada boa, demasiada pura! Faz-nos, de fato, justiça, ao acreditar que os homens são capazes de um verdadeiro afeto e uma verdadeira constância. Creia que esta é fervorosa e firme no F. W. Tenho de ir, inseguro quanto ao meu futuro; mas voltarei, ou seguirei o seu grupo, logo que possível. Uma palavra, um olhar será o suficiente para decidir se irei à casa do seu pai esta noite, ou nunca."

"She had been forced into prudence in her youth, she learned romance as she grew older - the natural sequel of an unnatural beginning."

"Nunca houve corações tão abertos, gostos tão parecidos, sentimentos tão afinados"

Pride and Prejudice:

"'You might have talked to me more when you came to dinner.' [Elizabeth]
'A man who had felt less might.'" [Darcy]

"...Por tudo que tenho lido, estou mesmo convencida de que é muito comum, que a natureza humana manifesta uma tendência muito acentuada para o orgulho, que são pouquíssimos os que não alimentam esse sentimento, fundados em alguma qualidade real ou imaginária!"

"'I cannot fix on the hour, or the spot, or the look, or the words, which laid the foundation. It is too long ago. I was in the middle before I knew that I had begun.'"
Darcy, quando indagado por Elizabeth sobre o momento em que teria se apaixonado por ela.

"Vanity and pride are different things, though the words are often used synonymously. A person may be proud without being vain. Pride relates more to our opinion of ourselves, vanity to what we would have others think of us."

"I could easily forgive his pride, if he had not mortified mine."

"A lady's imagination is very rapid; it jumps from admiration to love, from love to matrimony, in a moment."

Mansfield Park:

"Como bom cristão, tendes de perdoá-los, mas jamais deveis admiti-los na vossa presença, ou permitir que os seus nomes sejam mencionados diante de vós."

"No man dies of love but on the stage."

"I have no talent for certainty."

''O que se vê por aqui não há pintura nem música capaz de igualar e somente a poesia poderia tentar descrever. ''


"Muitas vezes me espanta que a história seja tão tediosa, porque grande parte dela deve ser pura invenção."

"Metade do mundo não consegue compreender os prazeres na outra metade."

Sense and Sensibility:

"... Nossa situação é perfeitamente idêntica. Não temos nada para contar uma à outra; você, por não ter nada a comunicar ; e eu, por nada ter a esconder."

"... quando as pessoas se decidem a adotar um tipo de conduta que sabem errada, sentem-se injuriadas quando se espera algo melhor da parte delas."

" Marienne Dashwood havia nascido para um extraordinário destino. Nascera para descobrir a falsidade de suas opiniões e para contrariar, pela sua conduta, suas máximas favoritas."

''... não tenho medo de mostrar meus sentimentos e de fazer coisas imprudentes, pois acredito que o que não se mostra, não se sente. Coisa que talvez surpreenda muito a você, pois os seus sentimentos são tão guardados que parecem não existir realmente. ''

''Considero pena que uma jovem perca opiniões tão sinceras e possa aceitar o que é estabelecido como norma. ''


E a minha favorita, rs:
"I do not want people to be very agreeable, as it saves me the trouble of liking them a great deal."